Malditas Belezas
Sergio-SalleS-oigerS
São gordos de fome, d’água bichada; de roça lunar
São porcos urrando, cagantes melando em neve árida
Malditas belezas talvez sobremesa de carcará
Que depois de devorar os sonhos
Tem o corpo a estropiar
Derradeira falange segue nessa volante
Atrás da xepa e do caviar
Bebe o grito da filha, come a mesma agonia
De quem não tem o que vomitar
Malditas belezas teu rosário de vespas
Já debandou teu patuá
Para além da porteira caída dos sonhos
Pra depois estropiar
A nova casa é a esquina, toda sacola é latrina
Qualquer migalha anima já põe o bucho pra trabalhar
Mas nem de fé e dinheiro vive o povo catingueiro
De autoflagelo, bulimia, perseverança. Teimosia
Faz a carcaça balançar
Malditas belezas
Tem comida na mesa
E água para bochechar
Traz de volta na córnea, na íris os sonhos
De alguém a estropiar
Pra quem a sede e a fome
É a mais pesada cruz
Uns são filhos de Deus
Outros são filhos do pus
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