Peito Ferido
Tavares e Zé negrão
Eu peguei na viola de pinho lavrado
E fiz estes versos muito bem rimado
Escrevi tremendo, eu estava agitado
De uns tempos pra cá eu só tenho penado
Eu deito e não durmo e sonho acordado
Do meu sofrimento alguém é culpado
Ó tirana ingrata se você soubesse
Um peito ferido quanto que padece
O coração bate e o peito estremece
O amor também mata e vós não reconhece
Quando o dia finda o Sol desaparece
Lembro o seu semblante, água dos olhos desce
Nem na minha viola eu não me consolo
Fico aborrecido aqui onde eu moro
Beijo teu retrato e de tristeza choro
Pra você voltar eu peço e imploro
Sinto grande dor e nunca melhoro
Por eu ser desprezado por quem eu adoro
Quando amanhece lá no meu sertão
A maior angústia é a solidão
Por que, meu amor, tanta ingratidão
A dor que eu sinto é sem comparação
Se arrepender me peça perdão
Que ainda é seu o meu coração
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